Sobre aquela depressão

Depressão é uma imagem quase poética, na sua literalidade geográfica . Na imaginação infantil, uma-montanha russa dentro do carro com os pais, num vale onde se vê adiante um fim de tarde no qual a vida continua de maneira prazerosa, ou pelo menos com riscos calculados. Eis o vale, eis os pais, eis a paisagem de folhinha de farmácia, eis a irmã ao ao lado no banco, um sorriso assegura a vida e sua continuidade.

Hoje depressão, reiterada diariamente como um fantasma pálido que tem o rosto ora da mãe, ora do pai, faltosos, mortos e intransformados, é bem diferente daquele momento cuja perfeição idílica é também mais um desejo que uma lembrança.

A depressão é a perda de conexão com a vida e com a lembrança de felicidade.

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