Hoje eu estou fingindo que ela não está lá. A enganando. Ela vem, encosta a cabeça em mim, me chama de belezura. " Você não está aqui", digo com os dedos. Ela me olha, desconfiada: "ah, não estou? Você vai ver amanhã de manhã. "                        
 Essa vaca da depressão                        
"Dia de sol, moleque, você não ficar feliz? Ah não né, você está péssimo!"  , ela olha.                      
Aí me distraio, lavo a louça, cozinho um arroz japonês com escarola. O sol entra pela janela da cozinha, gentilmente, como se fosse poesia. Quase me lembro como era esperançoso antes de tê-la conhecido e a convidado a sentar no meio da sala.                        
Mas ela esta ali, uma sombra sem rosto, paciente no sofá. Magrela, mas ocupa dois lugares. "Espero!", ela insinua."Embora o café daqui seja ruim.                        
Pensando bem, ela tem sua beleza. Foi musa de vários poetas. Hoelderlin. Goethe. Manuel Bandeira. Elisabeth Bishop. T. S. Elliot . Ela sabe que estou mentalmente criando essa lista e me olha envaidecida. Não vai escrever também?, pergunta em silêncio.

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